Texto publicado em minha Coluna semanal, no Caderno Cidades, Jornal "Correio Popular" de Campinas, dia 25/03/2010.
O casal Alexandre Nardoni e Ana MMMM Jatobá, acusados de matarem a pequena Isabella, filha de Alexandre, estão em julgamento essa semana. A morte da criança foi provocada por muita violência.
Na época, há dois anos, o país se mobilizou diante desse crime chocance, principalmente porque o pai está envolvido. Dificilmente as sociedades aceitam passivamente os delitos cometidos em família, principalmente se a vítima é uma criança indefesa.
Os réus se dizem inocentes, da mesma forma como a maioria dos julgados também afirma.
Acredito que eles cometeram esse homicídio hediondo. Alguns motivos me levam a essa dedução.
O primeiro deles é sobre a versão dada, desde o início, de que um ladrão havia entrado no apartamento e jogado a criança pela janela. Até hoje eu nunca soube que um ladrão entrou em algum apartamento e arremessou uma criança dormindo para a morte. O ladrão quer roubar e não matar crianças inocentes, inclusive, de acordo com essa estória, ele teria cortado calmamente a tela de proteção da janela, para facilitar a queda da vítima. Estranho que um ladrão soubesse, inclusive, aonde encontrar uma tesoura na casa invadida.
Outro motivo é o fato de Alexandre ter primeiro ligado para o seu pai, talvez pedindo conselhos, ao invés de sair desesperado com a filha no colo, em busca de socorro, como qualquer outro pai teria feito.
E ainda, a reação do réu, ao dar entrevistas na época, sem demonstrar desespero e sofrimento, próprios de um pai que acabou de perder um filho, de forma tão violenta e inesperada.
Também deduzo que o casal não queria matar a criança inicialmente. Pode ter ocorrido uma agressão da madrasta à Isabella, que desmaiou e foi considerada morta, por ambos. Para não serem acusados, Alexandre deve ter sugerido que jogaria a filha, visto que acreditava que ela já estava mesmo morta e com a queda, disfarçaria as agressões que ela sofrera. Nesse caso, um crime foi cometido para encobrir um outro.
Posso estar enganada, mas as poucas evidências que conheço, me levam a essa conclusão. A condenação dos réus irá depender exclusivamente das investigações policiais, pois creio que eles não irão confessar o crime.
Eles contam com a premissa judicial brasileira de que, na dúvida, o réu deverá ser beneficiado. Dessa forma, caso a polícia e o ministério público não consigam realmente provar o envolvimento deles, eles não serão condenados.
Se isso ocorrer, mais um crime violento deixará de ser solucionado, em nossa tão vergonhosa estatística, de crimes impunes.
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