Fonte: http://correio.rac.com.br/correio-popular/opiniao/302/greve-de-policiais-na-bahia.html
A greve deflagrada por policiais militares na Bahia já produziu dezenas de vítimas fatais. Não morreram policiais ou representantes do governo responsáveis por negociações, mas sim cidadãos que, provavelmente, nada tinham com o movimento grevista.
Este episódio sangrento pode levantar algumas hipóteses sobre a causa de tantas mortes. A mais aventada, inclusive na mídia, é a insegurança gerada nas ruas de muitas cidades, e, matar, é um ato com poucas consequências, dada a falta de policiais responsáveis pela manutenção da ordem.
Da forma como se procura fazer crer, parece que todos os autores destes crimes esperaram, sabe-se lá por quanto tempo, o momento de matar seu desafeto. Acho essa hipótese pouco provável.
É possível, através de conhecimento criminológico, saber que grande parte dos homicidas é impulsivo, manipulador, agressivo e não conseguiria conter seu desejo de matar apenas para esperar o melhor momento. Aliás, eles nem sequer poderiam saber que este ‘melhor momento’ existiria, afinal, a greve não foi anunciada há vários meses.
Assim, não vejo essa matança apenas como obra de simples aproveitadores homicidas, ansiosos para agirem quando a greve da polícia chegasse.
Minha hipótese é a de que tais mortes não estão acontecendo somente por puro oportunismo, mas sim, que elas têm uma relação com determinados grevistas. Posso supor, com isto, que este também é um momento em que certos policiais mostram sua truculência, na certeza de que não serão punidos e que homicidas alheios aos quadros policiais serão os que levarão a culpa.
Estas mortes, deste modo, servem para pressionar o governo
Neste acerto de contas, apenas um será duplamente contemplado: agilidade nas negociações com ganho na maior parte das exigências dos policiais e vingança sórdida camuflada por estes assassinos disfarçados em homens da lei.
Esta atitude violenta, caso minha hipótese esteja correta – e talvez nunca saibamos isto – só traz prejuízos a todos, não apenas aos residentes na Bahia, mas a todos nós brasileiros. O turismo nacional e internacional, neste Estado, certamente é afetado, além do desgaste que estes episódios provocarão na Copa do Mundo em nosso país.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
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Oi, Fátima! Aqui é o Julio.
ResponderExcluirNão tenho muitas dúvidas do que você afirma, e há até mesmo registros de negociação entre policiais para praticar atos de vandalismo, com o objetivo de fazer pressão psicológica. Deve haver muitos fatores interferindo para a onda de homicídios, mas esse não é de se desprezar. Penso, no entanto, que as pessoas estão se tornando cada vez mais violentas, por isso a admissão progressiva das atitudes criminosas como a desses policiais, que influenciam sobre centenas de pares. É como se estivéssemos nos acostumando, e nenhuma atitude é adotada coletivamente. Ilhados em nossas ilusões, em nosso percurso existencial, distraídos com o nosso conhecimentos, dificilmente nos damos conta de nossa fragilidade, e até mesmo o nosso conhecimento enfraquece e anula as medidas "milagrosas", como a pena de morte. Diante disso, o que fazer, o que têm feito as pessoas pela cultura, que esforço têm manifestado pela sobrevivência ou criação de valores humanitários? Uma cena dantesca: um dentista entrega a carteira a um marginal, em São Paulo, e recebe um tiro na cabeça, como recompensa por sua obediência! Penso que as pessoas se negam à crise a todo custo, fazem de conta que não estão percebendo uma série de coisas, para sustentar realidades decaídas, crenças ultrapassadas, hábitos repetitivos.