terça-feira, 10 de julho de 2012

Estupro

Crime sexual e desejo de poder Psicóloga forense e professora nas faculdades de Psicologia e Direito da PUC-Campinas - 2012/07/10 - Coluna Semanal - Jornal Correio Popular - Campinas O estupro é um dos mais aviltantes crimes que uma pessoa pode ser vítima. As mulheres são as principais presas deste tipo de agressor, mas isto não descarta a possibilidade do sexo masculino, tanto de adultos quanto de crianças serem atacados. Dentre as mulheres, a adolescente é a preferida – quando existe a possibilidade de escolha por parte do criminoso. Normalmente, a presa mais fácil será atacada, independentemente se é ou não uma mulher jovem. O violentador já sai em busca de uma vítima, portanto, se trata de um crime planejado e não de um desejo sexual não controlável. Aliás, estes chamados crimes relacionados aos desejos sexuais, tanto no que tange à pedofilia quanto ao ataque às mulheres jovens, adultas ou idosas é o desejo de o agressor exibir o seu poder. Se fosse apenas o desejo sexual incontrolável, veríamos pedófilos e estuprados em geral, atacando suas vítimas na frente de todos. Trata-se, sim, de uma demonstração de poder. O delinquente quer mostrar que ele tem condições de obrigar a vítima a fazer tudo o que ele deseja. A vítima é pega em local público, na maioria dos casos, e é atacada em local que ofereça segurança para o sujeito não ser abordado no momento do ato sexual e com isso, praticar tranquilamente o crime. Corrobora a ideia de crime sexual a serviço do poder, o fato de que muitos agressores obrigam a vítima a excitá-los, fazendo-lhes sexo oral. Se fosse um desejo sexual, eles já estariam excitados ao abordarem a vítima e não precisariam ser estimulados mecanicamente por ela. Noites frias são as em que ocorre o maior número destes ataques, visto que diminuem o número de pessoas circulando nas ruas e com isso, aumentam as chances de o agressor não ser pego. Não é o corpo da vítima o objeto de desejo, mas, como já referi, a demonstração de poder do estuprador. Veja-se que a literatura aponta mulheres com mais de noventa anos serem agredidas sexualmente, e, sabemos que crianças com menos de um ano também são atacadas. O estuprador não é um doente mental, na grande maioria das vezes, mas um psicopata que entende perfeitamente o que está fazendo. Ele tem um distúrbio, mas não uma doença que o tornaria irresponsável penalmente por seus atos, portanto, sempre deve ser considerado culpado por suas ações. A vítima não tem, jamais, nenhuma responsabilidade por sofrer o ataque e com isso, sentimentos de culpa não devem ser por elas experimentados. Da mesma forma que podemos não evitar um roubo, também não se pode evitar o ataque sexual. Apenas alguns cuidados podem ser tomados em ambos os casos, como andar em grupo durante a noite, não ficar sozinha em ponto de ônibus após escurecer ou em locais desertos. A falta de policiais em locais em que estes crimes acontecem com mais frequência, também é um fator importante a ser considerado, para suas ocorrências.

4 comentários:

  1. Muito bem escrito o texto, Parabéns! Professora, sou psicóloga e c.urso Direito desenvolverei minha monografia sobre os estupros de estupradores dentro das cadeias, a senhora teria algum material para me indicar? Por favor caso tenha entre em contato pelo email: pollyana_lopes@hotmail.com

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    1. Oi Pollyana, agradeço o comentário. Não tenho nada escrito a respeito do tema que você está trabalhando. Publiquei um livro em 1997 sobre violência sexual contra a mulher cometida por agressor desconhecido da vítima, talvez dê para utilizar em seu trabalho de alguma forma. O que sei a respeito desta agressão no cárcere, é apenas com a minha experiência trabalhando no sistema penal.

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  2. Boa Noite Professora,
    Sou estudante de Direito e estou buscando um tema de monografia que aborde o Estupro e a Violência doméstica do ponto de vista da psicologia forense. Na verdade eu gostaria de fazer um estudo sobre como o meio torna um agressor em questão; ou essa psicopatia é totalmente genético?
    Não sei quais fontes literárias começar a buscar. Pode me dar alguma recomendação? Tens algum livro publicado? Muito Obrigada.

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  3. oi Caroline, não se trata de uma questão genética, mas principalmente de características pessoais. Tenho um livro datado de 1997 a respeito do tema (ed. Alínea - Violência sexual).

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