quinta-feira, 26 de maio de 2016

Caso Ana Hickmann

Texto em minha coluna semanal - 26/05/2016 A apresentadora de televisão Ana Hickmann sofreu atentado de um fã há poucos dias. O rapaz, que acabou por ser alvejado pelo cunhado e empresário de Ana, Gustavo Corrêa, faleceu de imediato. A tentativa de homicídio aconteceu em um quarto de hotel, na cidade de Belo Horizonte, momentos antes do lançamento de uma coleção de roupas da grife da apresentadora. Suponho que Ana só não foi atingida porque o rapaz errou a pontaria e acertou Giovana, esposa de Gustavo e assessora de Ana, que ficou gravemente ferida. O agressor, Rodrigo de Pádua com trinta anos, apresentava conduta obsessiva em relação à Ana. Segundo informações do irmão, o rapaz não trabalhava e passava o tempo em casa ou frequentando academia. A família sabia que ele costumava mandar mensagens virtuais apaixonadas para a apresentadora. Tudo indica que ele idealizou uma relação amorosa e acreditava ser correspondido. Veja-se que Ana o bloqueou em seu “instagram” há alguns meses, quando ele mandava mensagens pornográficas para ela. Posso supor que Rodrigo apresentou uma paixão platônica, que pode ser considerada como erotomania, e vivia com suas fantasias amorosas. Aos poucos, acreditava estar mais próximo da apresentadora e por isso começou a enviar mensagens com conteúdo pornográfico. O fato de ter sido bloqueado, portanto, de ela ter rompido completamente o seu contato, fez com que começasse a nutrir um sentimento de ódio. Preparou-se para executar um plano, que certamente não saia de sua mente, até perceber que a oportunidade estava próxima. Ainda nada se comentou, mas ele deve ter adquirido a arma de modo ilegal e planejado a sua ida para a Capital, visto que residia no interior de Minas Gerais. À família, disse que iria conhecer a cidade. Parece-me que o rapaz não estava em episódio psicótico, visto que se estivesse, não conseguiria enganar a família e ainda hospedar-se usando nome falso, no mesmo hotel em que ela. Uma pessoa desorganizada, conforme provoca o episódio, não teria condições sequer de viajar, hospedar-se e esperar pelo momento oportuno para o ataque. Creio que é possível levantar hipóteses diagnósticas, para se entender o funcionamento mental de Rodrigo. Posso arriscar duas hipóteses, uma a de que ele apresentava um quadro de paranoia e a outra, a qual me parece ser a mais provável, a de que se trata de um psicopata. Se fosse a paranoia, seus familiares certamente teriam percebido e o teriam levado para um tratamento, melhorando seus sintomas e dificultando suas ações homicidas. Já a psicopatia, nem sempre é reconhecida como um grave problema, pois ela não provoca a cisão com a realidade. O psicopata pode ter, em situações de muito estresse, conforme aconteceu no momento em que atacou suas vítimas, alterações importantes no pensamento, reveladas através de uma fala agitada e confusa. Houve a gravação de outro hóspede que mostra a fala alterada do rapaz. É típico de o psicopata matar a pessoa que acredita tê-lo abandonado e, ainda, pode em seguida suicidar-se. Para se ter um diagnostico preciso, é necessário que se faça uma investigação sistemática e o método da autópsia psicológica é o mais indicado. Se isso ocorresse, a família de Rodrigo entenderia o que aconteceu com ele, e ele não seria mais um caso obscuro, apenas a aumentar as estatísticas de violência em nosso país. http://correio.rac.com.br/_conteudo/2016/05/colunistas/maria_de_fatima/430204-caso-ana-hickmann.html

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