sábado, 21 de janeiro de 2017
Chacina em Campinas
Texto publicado em minha coluna semanal do Jornal Correio Popular de Campinas - 05/01/2017
A confraternização de réveillon de doze pessoas que foram covardemente assassinadas por Sidnei Ramis de Araujo, inclusive seu próprio filho de oito anos, foi tão macabra quanto um filme de terror.
O ódio e a vingança foram os ingredientes motivadores para a chacina contra Isamara, sua ex-esposa e membros da família desta.
Segundo informações divulgadas na mídia, a raiva exacerbada de Sidnei começou a partir do momento em que Isamara o denunciou por abuso sexual contra o filho. A partir desta acusação, a justiça determinou que as visitas à criança fossem assistidas, quinzenalmente, por três horas, na residência materna.
O abuso não foi comprovado, assim como acontece com a maioria de casos similares, visto que geralmente este tipo de crime não deixa marcas ou lesões passíveis de comprovação.
A negação do crime, nos registros deixados pelo homicida, assim como, certamente, foi feita à justiça, na época do processo de regulamentação de visitas, é típica de criminosos sexuais.
Caso houvesse ainda alguma dúvida de que tal abuso aconteceu, acredito, esta pode ser dizimada. A frieza com que Sidnei matou as pessoas, incluindo seu filho, mostra que ele realmente seria capaz de praticar a violência sexual.
O cruel matador revela características de personalidade peculiares às de um psicopata, como exemplos, frieza afetiva, espírito de vingança, raiva como o principal sentimento, passionalidade e narcisismo. Este último, também demonstrado ao escolher uma ocasião tão especial, como é o réveillon e com isso, mobilizaria ainda mais a atenção da opinião pública.
O matador expõe nos registros que deixou que não era apenas um machista que procura desqualificar as mulheres, mas alguém que odiava o sexo feminino.
Em seus escritos esse ódio é facilmente observado, através de carta que havia enviado para amigos antes do crime, com textos dirigidos ao filho e a uma namorada.
O fato de ter enviado a carta também é uma forma de procurar justificar a carnificina que cometeu. Sidnei destila sua raiva aos prisioneiros, aos direitos humanos, ao sistema econômico, à justiça, às mulheres representadas por sua ex-sogra – anteriormente falecida –, à sua ex-esposa, à Maria da Penha, que influenciou uma Lei de proteção às mulheres e até mesmo à ex-presidente.
Para se fazer uma análise aprofundada sobre este crime, o método de investigação denominado autópsia psicológica poderia ser aplicado, pois ele revelaria com alto índice de confiança, toda a dinâmica psicológica envolvida neste caso.
http://correio.rac.com.br/_conteudo/2017/01/colunistas/maria_de_fatima/463872-chacina-em-campinas.html
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