Publicada em 15/11/2010
Cidades
Abandono de crianças aumenta 16%
Até o início do mês, Campinas registrou 192 casos, 26 a mais que no mesmo período de 2009
Lilian de Souza
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
lilian.bogaz@rac.com.br
Os casos de abandono de crianças e adolescentes por pais e responsáveis apresentaram crescimento de 16% no ano de 2010. Até o início do mês de novembro já foram registrados 192 casos, contra 166 no mesmo período de 2009. Os dados são de um levantamento realizado pelo Correio com informações do Conselho Tutelar de Campinas, que registra todas as ocorrências de abusos, negligência e violência contra menores.
O aumento foi identificado em todas as regiões. No entanto, na região Sudoeste, que abrange bairros desde a região do Jardim Vila Rica, até a área do Ouro Verde, Dics e Vida Nova Nova, o número de registros é o maior da cidade. Neste ano, 86 menores foram abandonados. E, de acordo com a conselheira Kelly Granjeiro, que atua na àrea, os casos devem aumentar ainda mais até o final do ano. “Só na última terça-feira eu atendi seis ligações de parentes de menores os quais os pais não desejam mais a guarda dos filhos. Por sorte, todas estas pessoas que nos procuraram neste dia eram familiares que tinham intenção de abrigar as crianças”, afirmou Kelly.
Ela tem acompanhado a situação da adolescente de 15 anos que registrou um boletim de ocorrência (BO) por abandono material da mãe, no dia 7 de novembro, e que também tinha sido rejeitada pela avó materna. Após o caso ser mostrado pelo Correio, a avó deu abrigo à menina, com a condição de que ela “melhorasse” o comportamento. “Infelizmente essa é uma das nossas maiores demandas. É muito comum o caso da mãe separada que se casa novamente e rejeita os filhos com medo de que eles interfiram no novo relacionamento”, disse a conselheira.
Segundo Kelly, que conversou com a garota na semana passada, avó e mãe estão tentando se entender de modo a encontrar uma solução para o conflito. “Ela nos pediu que esperássemos essa última tentativa. É sempre melhor que estas situações encontrem uma saída amigável, dentro da própria família. A separação dos menores e seus familiares só deve acontecer em último caso.”
A psicóloga forense Maria de Fátima Franco dos Santos, explica que muitos pais, imaturos e despreparados para a responsabilidade da paternidade, acabam por abandonar os filhos. “A verdade é que faltam valores éticos e morais. As pessoas hoje são tratadas como se fossem objetos descartáveis. Então, quando surge alguém mais interessante, no caso um novo companheiro, descarta-se o filho”, diz.
E a preferência ao companheiro em detrimento do filho não é exclusividade feminina. Os homens, pais com a guarda de filhos, também os deixam em conseqüência da pressão de uma nova mulher ciumenta. Para a especialista, os pais têm dificuldade em assumir sua responsabilidade diante dos filhos, que dura a vida inteira. “O novo companheiro também pode ser passageiro, o filho não”, afirma Maria de Fátima, que em sua carreira presenciou vários casos de abandono.
Segundo a especialista, outro agravante que costuma conturbar a relação entre pais e filhos é educação ensinada pela família. “Muitos pais ou não dão limites suficientes ou são repressores. Em ambos os casos as conseqüências podem ser trágicas. Quando o filho começa a se achar independente, entra em confronto, porque não aprendeu a respeitar os pais”, afirma. Segundo ela, a melhor forma de evitar essas, e outras questões, como a do uso de drogas, que também levam pais e mães desesperados a desistirem de seus filhos, é apostar em uma sólida educação. “Muito dificilmente um pessoa educada com princípios éticos e morais, onde aprenda o que é certo e errado e quais são seus limites, vai trazer problemas dessa ordem”, finaliza.
SAIBA MAIS
O Conselho Tutelar de Campinas é dividido em quatro unidades, com cinco membros cada uma. A sede do conselho fica na região central da cidade, mas a atuação dos seus membros é regional.
CT 1 (REGIÕES LESTE E NORTE):
Região de bairros como Centro, Guanabara, Cambuí, Bonfim, Taquaral, Sousas, Barão Geraldo, Jardim São Marcos e Jardim Eulina.
CT 2 (REGIÃO SUL):
Parque Oziel, Monte Cristo, Gleba B, Vila Teixeira, Vila Mimosa, São Bernardo e São José.
CT 3 (REGIÃO SUDOESTE):
Ouro Verde, Dics, Jardim Cristina, Melina, Vila Rica e Jardim do Lago.
CT 4 (REGIÕES NORTE E NOROESTE):
Campo Belo, Itajaí, Ipaussurama, Satélite Íris, Jardim Londres, Vila Padre Anchieta e Florence.
Pai é acusado de agredir filhos por causa de um celular
Caso mobiliza vizinhos, que acionam a PM; agressor responderá em liberdade
Um pedreiro de 40 anos foi detido acusado de agredir os filhos de 10, 12 e 13 anos, porque os viu brincando com seu celular. O caso aconteceu no Jardim Nova Alvorada, em Monte Mor, anteontem. Edvaldo Dias de Jesus usou um cinto com fivela metálica para bater nas crianças, que ficaram com vergões nas costas e arranhões nos braços.
Os vizinhos acionaram a polícia pelo 190. Para levar o pedreiro, os soldados usaram spray de pimenta e algema. “O rapaz não tinha bebido, mas se comportava como um louco”, disse um PM. Edvaldo teve o maxilar deslocado e ontem passou por exames.
O delegado plantonista Roberto Conde Guerra registrou a ocorrência enquadrando o crime como lesão corporal dolosa. A decisão revoltou representantes do Conselho Tutelar. Como uma das crianças teve de usar uma tipóia e imobilizar o pulso inchado, e a mulher sofreu ameaça de agressão quando protegia as crianças, os conselheiros acham que o pai tinha de ter sido preso.
À reportagem, o delegado não se manifestou. Guerra decidiu que Edvaldo deve aguardar os desdobramentos do caso morando na casa da mãe, longe da mulher e dos filhos. Uma representante do conselho disse que a agressão configura crime previsto na Lei Maria da Penha e que as vítimas passam a receber assistência do poder público. Como Luciene perdeu o emprego que tinha como caixa de supermercado, e o salário do pedreiro representaria hoje a única renda da família, a casa vai ser mantida emergencialmente por R$ 60,00 do programa Renda Cidadã municipal.
Para a mulher do pedreiro, ele andava muito nervoso por conta da situação financeira. “Como ele estava sem trabalho, arrumou um servicinho temporário há dois meses, mas não recebeu.” (AAN)
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