Concreto deprime

Texto publicado em minha Coluna semanal, no Caderno Cidades, Jornal "Correio Popular" de Campinas, dia 22/10/2009.

As obras existentes nos canteiros centrais, de várias avenidas da cidade, estão mudando completamente o antigo visual que ali existiam. Tínhamos árvores e flores em praticamente toda a extensão dessas vias centrais. Agora temos árvores espremidas pelo concreto e nada de flores ou qualquer outro tipo de vegetação.
Essas obras, apesar de afirmarem o contrário, em pouco mudará a vida daqueles que utilizam o transporte urbano.
Os canteiros continuam com o mesmo tamanho, desse modo, não aumentaram a largura das avenidas para dar melhores condições de locomoção para os ônibus e os demais veículos.
Informaram que o asfalto seria substituído por concreto, para suportar o peso do grande fluxo de coletivos. Parece-me estranha essa justificativa, visto que as rodovias não são feitas de concreto e por elas trafegam, continuamente, milhares de veículos pesados.
É triste ver o verde ser substituído pelo cinza do concreto, em total desrespeito à harmonia que deveria existir, sempre, entre a natureza e a arquitetura, nas ruas da cidade.
O tom cinza tem a capacidade de deprimir o ambiente, ao contrário do verde das plantas, que significam vida, alegria e provocam tranquilidade.
Já temos um trânsito caótico e violento, sem que mudanças sérias e eficazes existam, agora temos também a tristeza de observarmos as mais bonitas vias se transformarem em locais insípidos.
Não noto ninguém a questionar ou impedir essas obras. Será que o concreto está tomando conta de nossos corações?