sábado, 12 de fevereiro de 2011

Covardia - Crime Passional

Texto publicado em minha Coluna semanal, no Caderno Cidades, Jornal "Correio Popular" de Campinas, dia 05/05/2006.

Matar uma pessoa pelas costas é a maior prova da covardia do assassino. Um homicídio sempre deve ser repudiado, pois ele é o extremo da violência, mas alguns são até mesmo compreensíveis e defensáveis. Como o que ocorre motivado pela constante e injusta provocação da vítima, em um momento de completo desespero do agressor, que não encontra outra alternativa. Aqui se enquadra pais freqüentemente e covardemente agredidos pelos filhos, filhos açoitados e aviltados pelos pais, mulheres espancadas e humilhadas por seus companheiros ou qualquer outro tipo de violência doméstica incrustada nas relações de familiares e conviventes. Mas a agressividade e frieza daquele que se tornou vítima são as razões encontradas na compreensão da conduta homicida de quem era a sua vítima e um dia rompeu com o ciclo da violência, da pior forma possível.
Mas em geral essas vítimas cotidianas não são as que matam, mas aquelas que morrem nas mãos de seus agressores, como se fossem personagens do desfecho de uma violenta história de folhetim.
É essa, ao que parece, a verdadeira história do relacionamento entre Antonio Marcos Pimenta Neves e Sandra Gomide. Pois seria muito difícil uma relação de respeito e carinho terminar dessa forma. Ele a matou covardemente, com um tiro nas costas e outro na cabeça, em agosto de 2000. Muitos assassinos cruéis como ele já mataram e ainda irão matar suas companheiras ou ex-companheiras, motivados por ciúmes, egoísmo e incapacidade de aceitar que as perderam.
O sentimento de perda precisa ser experimentado e aceito, pois perder está presente na vida de todos. Apenas os acostumados a terem seus desejos sempre ou quase sempre satisfeitos, não conseguem lidar com ele. E ao perceberem que deixarão de usufruir de algo que lhe davam prazer ou que acreditavam ser de sua propriedade, destroem ou matam para que não seja de mais ninguém. Esse é um dos principais motivos dos que hipocritamente dizem que matam por amor. Apenas se for, egoisticamente, por excesso de amor próprio.

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