quarta-feira, 9 de maio de 2012

Thor Batista - O príncipe e o plebeu

O príncipe e o plebeu - Jornal Correio Popular de Campinas Psicóloga forense e professora nas faculdades de Psicologia e Direito da PUC-Campinas 2012/03/20 O filho de Eike Batista, Thor Batista, de vinte anos, em companhia de um amigo, atropelou um ciclista no último sábado à noite. A notícia foi divulgada por uma emissora de televisão que afirmou ter o motorista prestado socorro à vítima – ele acionou uma ambulância da companhia que administra a via – e em seguida prestou depoimento à polícia e fez o teste do bafômetro. A matéria aponta que havia comentários de que o ciclista estava alcoolizado. Ele havia bebido em um bar e dirigia-se para casa para comemorar o aniversário da esposa. Ao chamar atenção para este fato, fica nítida a intenção em se jogar a culpa do atropelamento à própria vítima. Vamos pensar um pouco a respeito do acontecido. Primeiramente, a vítima, Wanderson Pereira da Silva, tinha trinta anos. Nesta idade, ele com certeza estava acostumado a andar de bicicleta e saberia como se portar ao dirigir em uma rodovia. Também é certo que aquela não era a primeira vez que ele trafegava naquela via e deste modo, já conhecia os perigos existentes e as formas de se precaver deles, principalmente, a de não estar bêbado conforme querem fazer crer. Deduzo, mesmo precocemente, que Wanderson teria todas as condições de não ter procurado a própria morte, por dirigir bêbado e com imprudência a sua humilde bicicleta. Também se noticiou, em um site, nesta segunda-feira, que a assessoria de imprensa do grupo EBX, empresa propriedade de Eike, que o ciclista “atravessava inadvertidamente” a rodovia no momento do acidente. Estranhamente, o experiente ciclista não se importou com os riscos que corria. O empresário, para defender o filho, também afirmou que ele fez tudo que deveria e atacou o atropelado, ao dizer que a sua imprudência poderia ter matado três pessoas. Rebateu ainda a informação de uma pessoa que assegurou ter sido o carro retirado, do local, antes da perícia ser feita. É de se surpreender com a rapidez da polícia ao fazer a perícia no veiculo, de acordo com a versão do empresário. Esse acidente fatal mostra, mais uma vez, o quanto a desigualdade social deixa o Brasil um país menos justo. O rei, ao defender o seu filho, acusa o pobre plebeu de ter provocado o desastre em que sucumbiu sua própria vida e, ao que parece, o poderoso pouco será questionado.

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