Precariedade no sistema de saúde é uma violência

Precariedade no sistema de saúde é uma violência Psicóloga forense e professora nas faculdades de Psicologia e Direito da PUC-Campinas - Jornal Correio Popular - Campinas 2012/07/03 O cidadão brasileiro que necessita de atendimento do SUS em um pronto socorro, pode se considerar um valente. A precariedade é tanta que chega a ser um verdadeiro ato violento contra o doente e seu acompanhante. Pessoas com dor intensa, machucadas ou com algum problema que as tornem fragilizadas são tratadas com indiferença, claro que depois de muitas horas de espera. Apesar do sofrimento aparente, da transfiguração do semblante dominado pela dor, ninguém da equipe médica, se incomoda para aliviar o desconforto do doente. É fato que faltam médicos, equipamentos e espaço físico para acomodar os necessitados, mas também falta vontade e sensibilidade de muitos. Explicações claras e compreensíveis ao doente são raramente dadas, e este fica sentado sem saber o que será feito, se é que realmente algo será feito naquele dia – veja-se que nem digo naquela hora, pois a espera de um encaminhamento leva horas. Idosos esperam como qualquer outra pessoa, sem que o Estatuto do Idoso seja considerado. Por causa deste caos instalado no atendimento à população carente, é que muitos morrem, nos corredores frios e insalubres dos hospitais. É uma vergonha em um país em que milhões são gastos por políticos e corruptos de um modo geral, que o cidadão honesto e trabalhador, que sustenta tais políticos, sejam tratados como seres ignóbeis. Não tenho dúvida de que o sistema de saúde, como está, é uma violência gratuita cometida contra a população pobre.