terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Chacina em Campinas

CORREIO POPULAR Chacina em Campinas 20/01/2014 - 15h51 | A chacina que ocorreu no início da semana passada em Campinas, em dois locais diferentes em um intervalo de três horas, foi a maior já registrada na cidade. Até o momento, ninguém foi preso ou responsabilizado pelos homicídios. Foram doze pessoas covardemente executadas, como ocorre em crimes desta modalidade. Este tipo de ocorrência mostra a falta de coragem e frieza de seu executor ou executores, visto que nenhuma condição de defesa é oferecida às vítimas. Existe uma forte suspeita de que policiais militares estão envolvidos nestas mortes, porquanto elas aconteceram poucas horas depois de um policial ser morto em um roubo. É fato que o espírito corporativista está presente entre várias categorias profissionais e não é diferente entre os policiais. Uma vingança por parte de companheiros da vítima policial não deve ser ignorada e é uma hipótese bastante plausível. Inclusive testemunhas apontaram indícios que remetem à polícia enquanto autora e mandante da chacina. Algumas considerações podem ser feitas a respeito destes crimes. A primeira é a de que o crime de roubo seguido de morte, também conhecido como latrocínio, só não é mais frequente porque muitos ladrões têm, felizmente, uma pontaria ruim. Soma-se a isto a sorte de vítimas que reagem e conseguem sair vivas. Quando não acontece a morte, o crime registrado no boletim de ocorrência é o de roubo e não o de tentativa de roubo seguido de morte, como realmente deveria ser. Desta maneira, as estatísticas sobre este crime hediondo são mascaradas. A segunda consideração que faço está relacionada ao fato de que jamais se deve reagir a um roubo, pois as chances de se ficar gravemente ferido ou morrer são elevadíssimas. E foi exatamente isto que aconteceu com o policial que foi morto, ao tentar impedir um roubo em um posto de gasolina. Em terceiro lugar, a falta de policiamento nas cidades também deve ser aventada, como um dos pontos cruciais nos altos índices de criminalidade, por provocar a certeza da impunidade para os criminosos. Não se poderia exigir do governo do Estado um policial a cada cem metros, mas nenhum em quilômetros, já é um desrespeito leviano a todos nós. Se policiais estivessem disponíveis quando precisamos, os ladrões teriam seu espaço de ação bastante restrito e nós a segurança que merecemos, pelos altos impostos que pagamos. A quarta consideração que faço é relacionada à falta de estrutura, tanto no que tange aos equipamentos necessários quanto à capacitação profissional dos policiais responsáveis pelas investigações, no caso, os policiais civis. Esta chacina que aconteceu na cidade é a ponta de um iceberg, que expõe a precariedade do aparelho de repressão ao crime no Estado de São Paulo. As explicações infundadas oferecidas pelo governo estadual sobre sua incompetência na segurança pública, não podem ser levadas a sério. Enquanto palavras emanadas de política irresponsável são jogadas ao vento, muitos corpos são arremessados ao chão, inertes, com a amargura impetrada nas mortes violentas. http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/01/colunistas/maria_de_fatima/144446-chacina-em-campinas.html

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